sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Bolivianos interditam ponte e fecham a fronteira com o Brasil


Os Manifestantes do Comitê Cívico de Arroyo Concepción, na Bolívia, fecharam a 0h desta sexta-feira (12) a fronteira com Corumbá, no Mato Grosso do Sul, Brasil. Eles fizeram morros de terra ao longo da Ponte da Amizade, que liga as duas cidades, impedindo a passagem de carros. Apenas os alunos bolivianos que estudam nas escolas de Corumbá estão autorizados a passar, informa o "Campo Grande News".

De acordo com o presidente do comitê, Carlos Vargas, o fechamento deve durar 72 horas. No lado boliviano da fronteira o comércio foi fechado e o posto da aduana foi tomado pelos membros do comitê. Os 160 integrantes da policia nacional e do exército se retiraram da fronteira.
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Vargas disse em entrevista ao "Campo Grande News" que eles protestam contra as mortes dos oito bolivianos ontem, nos confrontos no Estado de Pando, um dos cinco Estados bolivianos que fazem resistência a Evo Morales e reivindicam autonomia de governo.

O Comitê Cívico de Arroyo Concepción faz parte da província de German Bush e conta com sete mil pessoas. Caso Evo Morales não atenda às reivindicações, os manifestantes ameaçam fechar o duto que libera gás para Corumbá, na cidade de Carmo, na Bolívia.

Em Puerto Quijarro, outro ponto da fronteira com Corumbá, a situação é a mesma. O Comitê Cívico também fechou o comércio e a fronteira.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Bolívia estuda decretar estado de sítio, diz embaixador no Brasil

O embaixador da Bolívia no Brasil, René Maurício Dorfler, afirmou nesta quinta-feira que o governo boliviano avalia decretar estado de sítio por conta dos conflitos com representantes da oposição. "A constituição política estabelece essa possibilidade e o governo esta avaliando essa questão", disse em entrevista coletiva em um hotel de Brasília.

Dorfler ressaltou que grupos pequenos estão fazendo o que chamou de "atos terroristas" e que a maioria da população não concorda com esses atos. "Não podemos submeter o resto dos bolivianos a uma situação de exceção", completou.

O ministro da Fazenda boliviano, Luis Alberto Arce, que está no Brasil, disse que houve uma tentativa de golpe no país, combinada com atos de vandalismo e de terrorismo. "O governo está tomando as medidas necessárias e está instruindo as forças armadas da Bolívia a resguardar os campos petroleiros e de gás do país. A polícia nacional está fazendo as investigações necessárias", disse.

Ele negou, no entanto, que o país passe por uma guerra civil e reafirmou que os grupos de oposição são pequenos, de "200 a 400 pessoas que estão radicalizando suas ações".

"São reduzidos grupos, financiados, que agem em função de certas instruções que recebem", disse. Para ele, houve uma coincidência entre a radicalização dos atos e a chegada à Bolívia de integrantes da oposição dos Estados Unidos.

Dorfler lembrou que, ontem, o embaixador norte-americano Philip Goldberg foi considerado persona non grata pelo governo Morales por se intrometer em assuntos internos do país em diversas ocasiões. "O presidente Evo foi absolutamente claro, é uma situação que apareceu em reiteradas oportunidades, as intromissões do embaixador nos assuntos internos como pessoa", afirmou.

História Boliviana

A Bolívia (em espanhol Bolivia; em quíchua Buliwya; em aimará Wuliwya) é um país da América do Sul, limitado a norte e a leste pelo Brasil, a sul pelo Paraguai e pela Argentina e a oeste pelo Chile e pelo Peru. Tem como capitais, Sucre e La Paz. É um país sem litoral, com grande pobreza e baixos índices sociais. Também possui a segunda maior reserva de gás natural do continente, apenas superado pela Venezuela.

A Bolívia foi sede de grandes civilizações indígenas, a mais importante das quais foi a civilização de Tiahuanaco. Tornou-se parte do império Inca no século XV. Quando os espanhóis chegaram no século XVI, a Bolívia, rica em depósitos de ouro e prata, foi incorporada ao vice-reino do Peru, com sede em Lima, e mais tarde ao de La Plata, com sede em Buenos Aires.

A luta pela independência começou em 1809, mas permaneceu parte da Espanha até 1825, quando foi libertada por Simón Bolívar, a quem o país deve o seu nome. Após uma breve união com o Peru, a Bolívia tornou-se totalmente independente. Nos anos seguintes, a Bolívia perdeu parte do seu território devido a vendas e à guerra. Uma das mais importantes guerras foi a Guerra do Pacífico, quando perdeu sua saída ao mar.

A Bolívia enfrenta problemas culturais e raciais, e sofreu ao longo dos anos inúmeras revoluções e golpes militares. Em 1980, a democracia foi restaurada após a destituição de uma junta militar.

A constituição da Bolívia de 1967, revista em 1994, prevê um sistema equilibrado entre os poderes executivo, legislativo e judicial. O tradicionalmente forte executivo, no entanto, tende a deixar na sombra o Congresso, cujo papel está em geral limitado a debater e aprovar legislação originária do executivo. O ramo judicial, composto pelo Supremo Tribunal e por tribunais departamentais e inferiores, é há muito corroído por corrupção e ineficiência. Através de revisões na constituição feitas em 1994, e de leis subsequentes, o governo iniciou reformas que têm potencial para ser profundas nos sistema e processos judiciários.

Os nove departamentos da Bolívia receberam maior autonomia pela lei de Descentralização Administrativa de 1995, embora os principais dirigentes departamentais continuem a ser nomeados pelo governo central. As cidades e vilas bolivianas são governadas pelo presidentes de câmara e conselhos diretamente eleitos.

Foram realizadas eleições municipais em 5 de Dezembro de 2004, que elegeram os conselhos para mandatos de 5 anos. A Lei de Participação Popular de Abril de 1994, que distribui uma porção significativa das receitas nacionais pelas autarquias, para seu uso discricionário, permitiu que comunidades anteriormente negligenciadas obtivessem grandes melhoramentos nas suas infraestruturas e serviços.

Apesar desse sistema, a Bolívia apresenta problemas de ordem sócio econômica muito intensos, intensificados nos últimos anos devido a solicitação de maior autonomia por parte dos seus departamentos, que pretendem ter autonomia de escolher seus governantes.

Empresa anuncia retomada de 90% do envio de gás ao Brasil

O assessor de Relações Institucionais da Transierra, Hugo Muñoz, afirmou nesta quinta-feira que o envio de gás natural da Bolívia para o Brasil está quase totalmente recuperado. Ele diz que o bombeamento irá cair, mas em 10% --em vez dos mais de 55% anunciados horas atrás. O serviço deverá ser normalizado em 15 dias.

Fazem parte da Transierra a Petrobras, a Andina-Repsol e a francesa Total.

De acordo com Muñoz, os danos causados a uma válvula de um gasoduto nesta quinta, na estação de Bella Vista, já foram consertados. Com isso, foi retomado o envio de mais de 14 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Desta forma, resta apenas retomar o envio de 3 milhões de metros cúbicos por dia referentes a danos causados ontem em outra válvula de um gasoduto localizado na região de Yacuíba.

Os quase 31 milhões de metros cúbicos de gás natural que o Brasil recebe diariamente da Bolívia, portanto, ficarão reduzidos em 10% nos próximos 15 dias. Por cada dia em que bombeia 10% menos gás, a Bolívia perde US$ 8 milhões.

O presidente boliviano, Evo Morales, atribui os danos causados a ambos gasodutos aos grupos de oposição a ele que realizam freqüentes e intensos protestos em cinco dos nove departamentos (Estados) do país, nos últimos dias. Nesses departamentos --Santa Cruz, Beni, Pando, Tarija e Chuquisaca--, os governadores são de oposição.

Nesta quinta, Morales afirmou que "paciência tem limite". "Vamos ter paciência e prudência como sempre para evitar o confronto. Vamos agüentar, mas paciência tem limite. Mesmo."

Confrontos entre grupos anti-Morales e camponeses que o apóiam deixaram ao menos um morto em Pando, no começo da manhã. Informações extra-oficiais apontam que o número ainda pode chegar a quatro. Ontem, os confrontos foram piores em Tarija e deixaram ao menos 70 pessoas feridas.

Governo

Nesta quinta, o ministro da Fazenda boliviano, Luis Alberto Arce, disse que a ação dos grupos anti-Morales em relação aos gasodutos foram "atos de vandalismo e terrorismo". De acordo com o ministro, a Bolívia estuda a possibilidade de acionar as Forças Armadas para policiar os campos petroleiros.

O embaixador da Bolívia no Brasil, René Maurício Dorfler, afirmou que o governo boliviano avalia decretar estado de sítio por conta dos conflitos. Ele ressaltou, no entanto, que grande parte dos bolivianos não apóia os protestos. "Não podemos submeter o resto dos bolivianos a uma situação de exceção."

Os grupos anti-Morales reivindicam que o governo devolva aos departamentos a renda oriunda do petróleo que, desde janeiro passado, é destinada a um programa nacional de assistência aos idosos; e rejeitam o projeto da nova Constituição.

EUA

Ontem, Morales acusou o embaixador americano na Bolívia, Philip Goldberg, de apoiar os grupos contrários a ele por terem iniciativas separatistas. O presidente boliviano declarou o embaixador "persona non grata" e ordenou que ele retorne "ao seu país com urgência". Hoje, o Departamento de Estado americano afirmou que a decisão foi "um erro grave".