quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Empresa anuncia retomada de 90% do envio de gás ao Brasil

O assessor de Relações Institucionais da Transierra, Hugo Muñoz, afirmou nesta quinta-feira que o envio de gás natural da Bolívia para o Brasil está quase totalmente recuperado. Ele diz que o bombeamento irá cair, mas em 10% --em vez dos mais de 55% anunciados horas atrás. O serviço deverá ser normalizado em 15 dias.

Fazem parte da Transierra a Petrobras, a Andina-Repsol e a francesa Total.

De acordo com Muñoz, os danos causados a uma válvula de um gasoduto nesta quinta, na estação de Bella Vista, já foram consertados. Com isso, foi retomado o envio de mais de 14 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Desta forma, resta apenas retomar o envio de 3 milhões de metros cúbicos por dia referentes a danos causados ontem em outra válvula de um gasoduto localizado na região de Yacuíba.

Os quase 31 milhões de metros cúbicos de gás natural que o Brasil recebe diariamente da Bolívia, portanto, ficarão reduzidos em 10% nos próximos 15 dias. Por cada dia em que bombeia 10% menos gás, a Bolívia perde US$ 8 milhões.

O presidente boliviano, Evo Morales, atribui os danos causados a ambos gasodutos aos grupos de oposição a ele que realizam freqüentes e intensos protestos em cinco dos nove departamentos (Estados) do país, nos últimos dias. Nesses departamentos --Santa Cruz, Beni, Pando, Tarija e Chuquisaca--, os governadores são de oposição.

Nesta quinta, Morales afirmou que "paciência tem limite". "Vamos ter paciência e prudência como sempre para evitar o confronto. Vamos agüentar, mas paciência tem limite. Mesmo."

Confrontos entre grupos anti-Morales e camponeses que o apóiam deixaram ao menos um morto em Pando, no começo da manhã. Informações extra-oficiais apontam que o número ainda pode chegar a quatro. Ontem, os confrontos foram piores em Tarija e deixaram ao menos 70 pessoas feridas.

Governo

Nesta quinta, o ministro da Fazenda boliviano, Luis Alberto Arce, disse que a ação dos grupos anti-Morales em relação aos gasodutos foram "atos de vandalismo e terrorismo". De acordo com o ministro, a Bolívia estuda a possibilidade de acionar as Forças Armadas para policiar os campos petroleiros.

O embaixador da Bolívia no Brasil, René Maurício Dorfler, afirmou que o governo boliviano avalia decretar estado de sítio por conta dos conflitos. Ele ressaltou, no entanto, que grande parte dos bolivianos não apóia os protestos. "Não podemos submeter o resto dos bolivianos a uma situação de exceção."

Os grupos anti-Morales reivindicam que o governo devolva aos departamentos a renda oriunda do petróleo que, desde janeiro passado, é destinada a um programa nacional de assistência aos idosos; e rejeitam o projeto da nova Constituição.

EUA

Ontem, Morales acusou o embaixador americano na Bolívia, Philip Goldberg, de apoiar os grupos contrários a ele por terem iniciativas separatistas. O presidente boliviano declarou o embaixador "persona non grata" e ordenou que ele retorne "ao seu país com urgência". Hoje, o Departamento de Estado americano afirmou que a decisão foi "um erro grave".

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